Brasil emite títulos da dívida em dólares pela segunda vez em 2025
O Brasil lançou pela segunda vez em 2025 títulos da dívida pública denominados em dólares. A oferta busca atrair investidores interessados em diversificar seus portfólios internacionalmente, especialmente fora dos Estados Unidos.
Oferta de títulos da dívida em dólar
O Tesouro Nacional abriu uma emissão de títulos com vencimento em 2030 e reabriu a oferta de papéis com vencimento em 2035. Conforme documento divulgado em 4 de junho, as projeções alinham os preços dos ativos em torno de 5,7% para os papéis 2030 e 6,75% para os 2035.
Essa precificação representa um ajuste em relação às negociações iniciais, conforme fonte próxima ao processo que preferiu manter o anonimato. O movimento reforça a busca do governo por recursos para financiar o orçamento, diante do cenário econômico atual.
Contexto dos mercados emergentes e desempenho do real
Os ativos brasileiros têm apresentado recuperação em 2025, no contexto de melhora ampla dos mercados emergentes. O real se destaca como uma moeda em valorização, superando alta de 9% desde o começo do ano, após registrar desvalorização de 21% em 2024.
Segundo o gestor Eduardo Ordonez, há uma janela favorável para que o Brasil acesse o mercado internacional. A estabilidade relativa da renda fixa nos Estados Unidos e a necessidade fiscal brasileira impulsionam a emissão de dívida externa.
Entretanto, a recuperação dos ativos nacionais convive com desafios fiscais. A agência Moody’s alterou recentemente a perspectiva de crédito do Brasil de positiva para estável, apontando para déficits fiscais maiores e atrasos nas reformas estruturais.
Importância dos títulos da dívida em dólares para investidores
Investidores globais buscam cada vez mais diversificação, e os títulos brasileiros em dólar atendem a essa demanda, especialmente diante da instabilidade nas políticas econômicas dos EUA e das incertezas cambiais locais.
Esse cenário aumenta o interesse pelas emissões internacionais do Brasil, que oferecem rentabilidades atraentes e exposição às economias emergentes.
Em fevereiro de 2025, o país já havia emitido US$ 2,5 bilhões em títulos para o mercado externo com vencimento em 2035. A nova emissão ocorre pouco antes do vencimento de títulos de US$ 1,75 bilhão previstos para sexta-feira, reforçando a estratégia do Tesouro em alongar a dívida.
Perspectivas para o mercado latino-americano de dívida
Além do Brasil, outras grandes emissões de títulos latino-americanos estão previstas para os próximos dias. Empresas como a siderúrgica brasileira Gerdau, a argentina Vista Energy e a mexicana Cemex também devem acessar os mercados internacionais.
Essa movimentação indica um momento ativo para a dívida latino-americana, que pode oferecer oportunidades relevantes para investidores globais buscando exposição à região.
Desafios fiscais e riscos creditícios
Apesar da retomada, o Brasil enfrenta desafios estruturais. A elevação das taxas de juros globais aumenta o custo do serviço da dívida, pressionando o orçamento nacional. Além disso, o progresso lento nas reformas pode afetar a percepção de risco do país.
Esses fatores exigem atenção dos investidores, que precisam equilibrar o potencial de retorno com os riscos políticos e econômicos associados.
Portanto, a nova emissão de títulos em dólar representa um passo estratégico do Brasil para ampliar o financiamento externo e reforçar sua posição nos mercados internacionais de dívida.